PROJETO RAÍZES

No Recife, MPPE conclui ciclo de oficinas para escuta e diálogo com comunidades tradicionais

Pessoas sentadas em círculo em reunião
MPPE busca estreitar o diálogo com foco no fortalecimento dos direitos


 

03/04/2024 - O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) realizou, na tarde da segunda-feira (1º), no Recife, a última oficina do Projeto Raízes. A iniciativa, que foi concebida pelo Grupo de Enfrentamento ao Racismo Estrutural (GT Racismo) do MPPE, percorreu o Estado de Pernambuco para mapear e estabelecer vínculos com comunidades quilombolas, povos indígenas, terreiros de religiões de matriz africana e ciganos. Como resultado dessas escutas, o MPPE busca estreitar o diálogo entre as Promotorias de Justiça locais e esses públicos, com foco no fortalecimento dos direitos.

Na quinta e última oficina, o Procurador-Geral de Justiça Marcos Carvalho se uniu a integrantes do GT Racismo para receber representantes de comunidades tradicionais da Região Metropolitana do Recife, no auditório da Escola de Formação de Educadores do Recife Professor Paulo Freire, no bairro da Madalena.

"Agradecemos a todos que participaram do Projeto Raízes, nas cinco oficinas realizadas, pela oportunidade de compartilhar conosco as situações que precisamos conhecer para cumprir, de fato, com o papel do Ministério Público, que é garantir direitos. Quando a gente fala em democracia, vem muito a ideia de ter o direito de escolher seus candidatos para os diversos níveis de governo. Mas a gente precisa ter uma democracia espraiada pela sociedade, com respeito e liberdade na questão racial, de gênero, religiosa", declarou Marcos Carvalho.

Já a coordenadora do GT Racismo, Procuradora de Justiça Maria Ivana Botelho, ressaltou a importância da coleta de informações trazidas tanto pelos participantes da oficina quanto por aqueles que, mesmo sem poder comparecer presencialmente, responderam aos formulários encaminhados pelo MPPE aos povos tradicionais.

"A riqueza de informações é grande. Desde 2019, quando ocorreu a primeira oficina do Projeto Raízes, passamos por regiões com povos indígenas, comunidades quilombolas, de terreiro e ciganas. De lá para cá, os Promotores de Justiça dessas regiões foram a campo, conheceram as comunidades e foram ouvir suas reivindicações. A partir daí, as dificuldades apontadas por esse público ajudam a orientar a atuação do MPPE, que é o objetivo do projeto", descreveu.

O encontro contou ainda com a participação do coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Cidadania, Promotor de Justiça Fabiano Pessoa; e das Promotoras de Justiça e integrantes do GT Racismo Luciana Prado (também coordenadora do Núcleo de Apoio à Mulher), Daniela Brasileiro e Maísa Melo, com o apoio dos servidores Juliana Calado e Victor Lima, também componentes do GT Racismo.
DEBATE - Após a abertura, o público que compareceu ao evento trouxe suas contribuições.

A primeira a falar foi Marinalva da Silva, moradora do Engenho Mercês, no município de Ipojuca. Ela relatou práticas poluidoras de empresas situadas no Porto de Suape que inviabilizam a pesca, uma das atividades econômicas mais tradicionais da comunidade. Além disso, apontou que há dificuldades no diálogo com a Prefeitura para requisitar medidas de incentivo ao plantio, como cessão de tratores, sementes e acesso às feiras de alimentos realizadas pelo poder público.

Em seguida, Maria de Fátima Barros, liderança da comunidade Onze Negras, no Cabo de Santo Agostinho, reforçou a importância da articulação das comunidades quilombolas. De acordo com ela, essa mobilização trouxe melhorias para seu território, como a presença de moradores da comunidade trabalhando na escola pública e como agentes comunitários de saúde, e que tais ganhos podem ser replicados em outros locais.

Já Douglas Santos, babalorixá do terreiro Nzazi Baru Olosso Yelodemi Doguimaleci, destacou o prejuízo causado pela interrupção do funcionamento do Conselho Estadual de Igualdade Racial, sugerindo ao MPPE cobrar que o Estado de Pernambuco promova votação para reativar o órgão. Ele também pediu a realização de audiências para debater políticas públicas de combate à intolerância religiosa.

O representante do povo cigano, Erivan da Silva Júnior, explicou que essas pessoas existem de fato mas não de direito, porque não há um mapeamento atualizado das famílias ciganas em Pernambuco. "Precisamos que o Governo do Estado inclua o povo cigano nas políticas públicas. Não temos medidas de apoio aos pequenos produtores rurais, como acesso à água e sementes", afirmou.

Para concluir, Júlio Lima, filho do Axé Ijagurá do Ilê Oguian Olabomaxó, de Olinda, destrinchou como a falta de respostas do poder público se traduz em empecilhos ao exercício da cidadania. "A gente espera a possibilidade de uma cobrança mais incisiva nos voltando para o ambiente institucional. Nessa conversa com o MPPE, pretendemos fazer uma cobrança formal à prefeitura de Olinda para solicitar resposta a problemas básicos para a existência de qualquer cidadão e cidadã brasileiro, como o saneamento básico para que nosso território não sofra com o regime de enchentes anuais. E que a gente possa ter estrutura urbana que garanta o acesso à saúde, à educação, vivendo em nosso ambiente com qualidade", ressaltou.
 

Projetos Raízes em Recife - GT Racismo
 

Confira a matéria na TV MPPE: 

 

Últimas Notícias


12 CIDADES
Grupo de trabalho do MPPE articula Prefeituras para resgatar estudantes que deixaram a escola e reforçar a aprendizagem
Ilustração de crianças em sala de aula com a professora lendo para elas
Finalidade é reverter prejuízos causados pelo aumento alarmante nas taxas de abandono escolar durante a pandemia da Covid-19

 

14/01/2025 - O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) conseguiu, por meio do Grupo de Atuação Conjunta Especial da Educação (GACE Educação), a celebração de 12 termos de compromisso com Prefeituras para implementar uma série de medidas voltadas ao combate à evasão escolar e recomposição de aprendizagem para os estudantes do ensino fundamental. Os acordos têm como finalidade reverter os prejuízos causados pelo aumento alarmante nas taxas de abandono escolar entre os alunos durante a pandemia da Covid-19.

Com base no acordos, firmados no último trimestre de 2024 perante os Promotores de Justiça Andreia Moura do Couto e Thiago Barbosa Bernardo, os prefeitos de Maraial, São Benedito do Sul, Paranatama, Vertentes, Vertente do Lério, Rio Formoso, Ribeirão, Jaqueira, Manari, Frei Miguelinho, Araçoiaba e Água Preta se comprometeram a implementar duas frentes principais de ação a partir do ano letivo de 2025: a busca ativa de estudantes e a recomposição das aprendizagens.

“Os resultados alcançados pelo GACE Educação demonstram o sucesso dessa iniciativa do MPPE. A celebração de 12 Termos de Ajustamento de Conduta evidencia a excepcional capacidade do grupo em promover soluções consensuais e efetivas para os desafios educacionais. Essa expressiva adesão não apenas evitou a judicialização desnecessária, mas principalmente estabeleceu compromissos concretos e mensuráveis para o enfrentamento da evasão escolar e para a recuperação das aprendizagens no contexto pós-pandêmico”, ressaltou a coordenadora do Centro Operacional de Defesa da Educação do MPPE, Promotora de Justiça Isabela Bandeira.

Como primeira medida, as Prefeituras deverão aderir à Plataforma de Busca Ativa Escolar (BAE) do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) até a data limite de 28 de fevereiro. Essa ferramenta será adotada para localizar e reintegrar estudantes que abandonaram a escola, viabilizando seu retorno às atividades educacionais.

Além de devolver os estudantes para as escolas, os 12 municípios devem criar um programa de recomposição das aprendizagens, que consiste em avaliações diagnósticas, planejamento pedagógico específico e acompanhamento continuado dos alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, a fim de recuperar os possíveis prejuízos à evolução dos alunos causados pela perda temporária de vínculo com a escola durante a pandemia, seja pelas limitações do ensino remoto ou pelo abandono escolar.

As partes acordaram, no termo, que as gestões municipais devem apresentar ao MPPE a documentação referente ao programa de recomposição de aprendizagem, o que inclui planejamento pedagógico, cronograma de execução da carga horária extracurricular, avaliação dos estudantes que serão inseridos no programa, previsão das avaliações formativas ao longo do ano e a proposta de esforço para alfabetização dos estudantes até o segundo ano do ensino fundamental.

Os municípios deverão, por fim, enviar relatórios semestrais ao MPPE sobre os resultados obtidos. Em caso de descumprimento das obrigações, o município fica sujeito a uma multa mensal de R$ 5 mil, cujos valores devem ser destinados ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente.

JUDICIALIZADOS - Além das 12 cidades mencionadas, o GACE Educação também atuou nos municípios de Tamandaré, Ouricuri e Aliança. Nessas localidades, porém, como os gestores públicos não manifestaram interesse em resolver extrajudicialmente, o Ministério Público teve que recorrer à judicialização. Já na cidade de Águas Belas, o MPPE segue em diligências perante os órgãos competentes.
 

RECOMENDAÇÃO
Instituição tem prazo de 20 dias para divulgar no seu site e redes sociais as informações de Termo de Colaboração firmado com o FMCA/Comdica
Fotografia de pessoa digitando em notebook no colo
A informação também deverá constar em local visível da sua sede social, através de cartazes ou banners

 

14/01/2025 - A Equipe Técnica de Assessoria Pesquisa e Ação Social (Etapas) tem prazo máximo de 20 dias para divulgar no portal oficial e nas redes sociais da instituição, o Termo de Colaboração nº 011/2024, firmado com o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente de Recife (FMCA), por intermédio do Conselho Municipal de Defesa e Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica-Recife). A informação também deverá constar em local visível da sua sede social, através de cartazes ou banners.

A recomendação foi feita pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por intermédio da 32ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital (32ª PJDCC), que levou em consideração a necessidade de divulgação de "todas as parcerias celebradas com o poder público, contendo, no mínimo, as informações requeridas no art. 11 da Lei nº 13.019/2014", prevista na Cláusula Segunda (DAS OBRIGAÇÕES, II - DA ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL), alínea "c". A Etapas firmou Termo de Colaboração (nº 011/2024) com o Comdica para a execução do projeto "Crianças protegidas, direitos garantidos: um olhar para a primeira infância". 

De acordo com a recomendação, deverão constar no site e redes sociais da Etapas, todas as informações constantes do parágrafo único do art. 11 da Lei Federal nº 13.019/2014, como: data de assinatura e identificação do instrumento de parceria e do órgão da administração pública responsável; nome da organização da sociedade civil e o seu número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); descrição do objeto da parceria; valor total da parceria e valores liberados; situação da prestação de contas da parceria, que deverá informar a data prevista para a sua apresentação, a data em que foi apresentada, o prazo para a sua análise e o resultado conclusivo; e, quando vinculados à execução do objeto e pagos com recursos da parceria, o valor total da remuneração da equipe de trabalho, as funções que seus integrantes desempenham e a remuneração prevista para o respectivo exercício.

A Etapas, conforme o documento assinado pela Promotora de Justiça Rosa Maria Salvi da Carvalheira e publicado na edição do Diário oficial Eletrônico do MPPE do dia 13 de janeiro de 2025, deverá encaminhar à 32ª PJDCC, no prazo de 60 dias, informações sobre as providências adotadas para o cumprimento da recomendação, bem como imagens que comprovem o acatamento da medida.

Já o Comdica terá prazo de 15 dias para adotar todas as medidas cabíveis e necessárias para orientar, exigir e monitorar o cumprimento da recomendação por parte da entidade conveniada, quanto à divulgação na internet e em locais visíveis da sua sede social de todas as informações constantes do parágrafo único do art. 11 da Lei Federal nº 13.019 /2014 e conforme cláusula expressa e pactuada no Termo de Colaboração nº 011/2024. Nesse mesmo prazo, o Conselho deverá encaminhar à 32ª PJDCC, informações acerca das medidas adotadas para o cumprimento do item 2.1 da recomendação.
 

BIÊNIO 2025-2027
José Paulo Xavier empossado como Procurador-Geral de Justiça de Pernambuco em sessão do Colégio de Procuradores
“O futuro já é amanhã e a sociedade tem pressa”, afirmou José Paulo Xavier. Segundo ele, a comunidade “vive uma metamorfose diária no que diz respeito a seus anseios e necessidades”

 

13/01/2025 - O novo Procurador-Geral de Justiça de Pernambuco, José Paulo Xavier, 50 anos, tomou posse no cargo nesta tarde de segunda-feira (13), durante a primeira sessão do ano do Colégio de Procuradores do Ministério Público Estadual. Ele agradeceu ao corpo funcional da instituição o apoio e o empenho no bem-estar organizacional, destacou a importância de transformar divergências em convergência e avançar na defesa da ordem jurídica e do regime democrático. Também se comprometeu com o desafio de tornar o MPPE cada vez mais célere nas respostas à sociedade. A posse solene será às 15h30 do dia 29 de janeiro, na Escola Judicial de Pernambuco.

“O futuro já é amanhã e a sociedade tem pressa”, afirmou José Paulo Xavier. Segundo ele, a comunidade “vive uma metamorfose diária no que diz respeito a seus anseios e necessidades”, exigindo que o Ministério Público esteja vigilante. “Devemos olhar com sensibilidade a população que exige a promoção do bem comum, sobretudo os mais excluídos, que estão nas ruas. Participamos da gestão anterior, exitosa, na qual o MPPE tornou-se plural, desprovido de preconceitos, correspondendo às expectativas da sociedade. Nesse biênio que se inicia (2025-2027), com muito trabalho e uma equipe afinada, vamos avançar mais, ter uma estrutura necessária para que, com celeridade e resolutividade, possamos alcançar os resultados pretendidos”, destacou.

José Paulo Xavier obteve 262 votos de Promotores e Procuradores em eleição interna realizada em 7 de janeiro de 2025, liderando a lista tríplice para o cargo de Procurador-Geral encaminhada à governadora Raquel Lyra, que respeitou a escolha da instituição e o nomeou no mesmo dia. O novo PGJ tem 25 anos de carreira no MPPE, trabalhando em diferentes regiões do Estado, atuando nas áreas criminal e de defesa da cidadania. Reúne ainda experiência administrativa, integrando, por exemplo, a Corregedoria Geral, o Centro de Apoio Operacional à Atuação Criminal e o Núcleo Integrado de Repressão ao Crime Organizado (NIRCO, atual GAECO). Na gestão anterior, foi chefe de gabinete do Procurador-Geral. Além de bacharel em direito, é graduado em administração de empresas, com pós-graduação em direito penal e processual penal, como também em gestão pública.

Primeira sessão solene do CPJ - Posse do Procurador-Geral de Justiça José Paulo Xavier

POSSE - Ao fazer saudação ao novo PGJ, o Procurador de Justiça Hélio José de Carvalho Xavier enalteceu as qualidades pessoais e profissionais do colega. “É impossível não destacar o ser humano José Paulo, pela responsabilidade em ajudar a resolver os problemas dos outros, como também sua dedicação ao Ministério Público, pelo profissionalismo e capacidade de se apropriar de vários e distintos assuntos com profundidade”, relatou, mencionando que não  faltarão empatia,  solidariedade nem escuta atenta” por parte do Procurador-Geral do MPPE.

A cerimônia foi realizada no Salão dos Órgãos, no Edifício Helena Caúla, acompanhada por membros e servidores do MPPE, além de familiares do Procurador Geral de Justiça empossado. José Paulo Xavier agradeceu na ocasião a educação que recebeu dos pais, o apoio da esposa e filhos, lembrando também dos amigos que com ele ingressaram na instituição e de outros importantes na sua trajetória. “Não podemos deixar de citar aqueles que nos deixaram ao longo da caminhada, como o Promotor de Justiça Rossini Alves Couto, que nos recebeu na Comarca de Lagoa dos Gatos, sendo covardemente calado no campo de batalha ministerial (assassinado em 2005)”. Agradeceu ao antecessor, Marcos Carvalho, “que acreditou num sonho de MP plural, cedendo seu melhor serviço e nos oportunizando importante aprendizado, em nome do qual estendemos gratidão aos demais colegas que, ao longo dos últimos 18 anos também emprestaram seus nomes e labor na concorrência à PGJ por comunhão de valores e propósitos”.

A presidente da Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE), Promotora de Justiça Helena Martins, elogiou “a demonstração de respeito e apreço pelos princípios republicanos por parte da chefe do Poder Executivo estadual, que fez valer a escolha interna do MPPE”. E mencionou a expectativa positiva em relação ao novo Procurador Geral de Justiça: “conhecedor profundo da instituição, seja pelo tempo na carreira e pelos lugares por onde passou, seja pela sua capacidade técnica, no que vai além da formação jurídica, nas áreas administrativa e de gestão”. Ela está certa de que José Paulo Xavier desempenhará com excelência a tarefa de chefiar o Ministério Público de Pernambuco a altura que a instituição merece.

Na sessão solene, aberta pelo Procurador de Justiça Renato da Silva Filho, o mais antigo do Colégio de Procuradores, a mesa foi composta pela secretária do colégio, Promotora de Justiça Ana Carolina Paes de Sá Magalhães e pela presidente da AMPPE, Helena Martins.

Roberto Lyra - Edifício Sede / Ministério Público de Pernambuco

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